Erotização é o processo de atribuir significado sexual a algo ou alguém que não é inerentemente sexual. Isso pode acontecer de várias maneiras e em diferentes contextos, e nem sempre é algo negativo ou intencional. A chave é a atribuição de um significado sexual que não estava presente originalmente.
A pesquisa "Visível e Invisível: a vitimização de mulheres no Brasil", realizada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e o Instituto Datafolha (2023), aponta que as mulheres negras (pretas + pardas) são mais afetadas pelo assédio: 49,1% contra 42,2% das mulheres brancas. Esse dado evidencia a vulnerabilidade das mulheres negras, fruto de uma invisibilidade histórica e social que perpetua estigmas e desigualdades.
1. Contexto Histórico:
Colonialismo e Escravidão: A colonização e a escravidão no Brasil introduziram estigmas profundamente enraizados sobre o corpo da mulher negra. Durante esse período, elas eram frequentemente hipersexualizadas e vistas como objetos de desejo, um legado que persiste até hoje.
Representação na Mídia: Desde novelas até comerciais, a mulher negra muitas vezes foi retratada como sensual, exótica ou subalterna. Essa representação distorcida influencia negativamente a maneira como a sociedade enxerga essas mulheres e como elas se veem.
A erotização precoce e forçada das mulheres negras tem efeitos profundos na construção da sua identidade, autoestima e possibilidades sociais. Ao serem vistas antes como corpos a serem desejados do que como sujeitos com histórias, sonhos e capacidades, elas enfrentam maior dificuldade em espaços educacionais, profissionais e afetivos.
Esse olhar erotizado as expõe a mais violências, dificulta o acesso a direitos e contribui para que não sejam levadas a sério em suas demandas. Romper com esses estigmas é fundamental para garantir equidade, respeito e liberdade plena às mulheres negras.